Já chegou

A Dª Gina chegou finalmente.
Um destes dias encontrei por acaso no meio de retalhos de pano, um vestidinho com aplicações de renda e croché.
Não estava acabado, faltava cozer. Tinha sido feito para a minha filha mais velha quando era muito pequenina, por uma senhora muito especial. Mas faltava cozer...
Das mãos dela saíam crochés lindos, camisolas maravilhosas, e tudo o que se possa imaginar com linha ou lã.
Mas na verdade nunca ninguém lhe deu o devido valor.
Ela sempre foi daquelas pessoas que não vê a maldade dos outros e que tudo perdoa. Por isso foi pisada e injustiçada.

Agora está bem, está a descansar na mais linda nuvem do céu.
Quem sabe se agora não será feliz?

Fiquei tão triste quando encontrei o vestido, porque naquela altura ela já estava tão doente... e eu não o cozi porque não tinha tempo.
Bom, acabei-o agora, e inventei-lhe uma boneca ao seu tamanho.
Os sapatinhos também foram feitos por ela, mas estes foram bastante usados pelas bebés.
Meias de renda e colotes (á moda antiga).
O chapéu inventei-o eu. Ela ficava linda de chapéu.
O cabelo fi-lo bastante farto, pois a Dª Gina tinha algum desgosto em ter pouco cabelo.
Lábios pintados, bochechas rosadas, sobrancelhas arranjadas, e uns olhos verdes lindos, como só ela tinha.

Cores alegres como ela.
Não gostava do preto, mas sim do vermelho, amarelo, verde, rosa... todas as cores alegres.
Não gostava da escuridão. "Luz, muita luz para alegrar a casa, pois escuro já basta quando fôr para a cova!"

Quem me conhecer, sabe bem a quem dedico esta boneca, já que todos os outros sentimentos ficarão bem guardadinhos no meu coração.