terça-feira, 1 de maio de 2007

Voltar no tempo


Neste Sábado que passou, resolvemos finalmente levar as filhotas a visitar os lugares onde crescemos e vivemos as nossas adolescências. Foi um regresso ao passado, um relembrar dos lugares, ver como estão diferentes, matar todas as saudades ( bem, pelo menos algumas).

7.30 da manhã saltar da cama e acordar o pessoal. Temos muita coisa para ver e muito Km para percorrer.

Rumamos ás Azenhas do Mar, direitinhos ao miradouro. Lá estavam elas; casinhas brancas pela escarpa acima, com a pequenina piscina natural a seus pés, banhada pela também pequena praia. Visto de longe parece um cenário de brincar, ou um quadro de algum pintor da região, pintado por tantos outros.

Regressamos á realidade com o aroma do mar trazido pelo vento forte que sempre se faz sentir e nos leva os cabelos pelo ar.


As miúdas descem as escadarias, querem saber tudo, e nós contamos histórias passadas, recordamos dias dos tempos de namoro, a D. recolhe plantas das escarpas para trazer (sim, ela é como eu).







Logo a seguir, Praia das Maçãs.

Vila pequena onde termina o comboio turístico que vem de Sintra, á beira da estrada. Passeio lindíssimo por árvores centenárias, casinhas tradicionais, e palacetes a espreitar pela densa vegetação da serra.

Deambulámos por ali, deliciámos os olhos com o mar, enquanto contávamos a história do seu nome.

O cinema já lá não está, as piscinas sim, e a discoteca onde íamos dançar foi transformada em restaurante.

Próxima paragem; Praia Pequena

Já não se pode descer, as encostas estão a ceder, o caminho foi absorvido pelo tempo.

Do bar do alemão restam os muros de pedra, outrora ruínas de outra construção mais antiga.

Um dia achou-se dono da praia, e quando a maré subia, ninguém podia ficar nos muros sem fazer despesa no bar. Agora foi o mar quem o expulsou. A Natureza falou mais alto e justiça foi feita.
Mas não se pode rumar adiante sem primeiro caminhar pelas arribas fora, entre a vegetação rasteira das dunas, e ver a Praia das Maçãs

deste lado, e a foz do Rio das Maçãs.

Claro que tivemos de descer até á areia pela arriba abaixo, agora muito mais degradada. Mas as rochas são praticamente eternas, e se se mecheram nós nem damos por isso.

Estava lá tudinho, a paisagem continua linda com sabor a mar, agora, porem com a minha D. no mesmo lugar onde eu a costumava contemplar.

Mas as encostas são demasiado arenosas e estão a ceder. Este caminho está perigoso, e já não arriscamos o trilho da berma que era hábito.


Praia Grande á vista. Comprida, com as suas majestosas rochas direitas, quase a pique direitas ao céu.

Não resistimos mais. A pequena B. tirou os sapatos e as meias, eu fui atrás, e a D. seguiu-nos.

Foram direitinhas á água, e por pouco uma onda não as apanhou para o primeiro banho do ano.

Fotos e mais fotos
Vamos que se faz tarde!!!!!

Grita lá ao longe o maridão.


Uma ultima foto para recordar

Adeus lindas praias... Olá Parque Natural da Serra de Sintra.

Convento dos Capuchos.

A ultima vez que por lá passamos estava praticamente abandonado como sempre esteve. Agora está vedado. Pára-se o carro longe e vai-se a pé, depois de se pagar uma entrada jeitosa. Mas pronto, dão-nos um mapa mais ou menos detalhado, e finalmente lá conseguimos saber o nome de todas aquelas divisões, onde outrora apenas podíamos supor alguma coisa.

Acreditem que nos perdemos no tempo. Tudo parece feito para gente pequenina, qual casa de anõezinhos da Branca de Neve.

Entra-se por baixo de dois penedos onde os frades franciscanos puseram uma porta, depois é tentar imaginar que vida levavam num lugar daqueles.

Nas celas não cabe uma actual cama de solteiro.

tudo é minusculo, inclusive as portas. A B. tem 8 anos e tem de se curvar para entrar, e o maridão só espreitava um bocadinho quase de joelhos.

Lá andamos perdidos nas asas da imaginação, tentando perceber como seria aquela vida de completo desapego das coisas materiais do mundo exterior.





Mas, claro, este convento está em pleno coração da Serra, e como tal toda a área circundante é esplendorosa, aliada ás escadas e degraus que aparecem por todo o lado, e que nos levam a subir cada vez mais, e mais.

As miúdas nunca se cansam e desaparecem por ali acima, querem ver tudo e descobrir ainda mais...











Tinham a sua cozinha rude, com um fogão qui sá ecológico, e uma janelinha por onde passavam a comida para a sala das refeições ao lado, onde ainda reina uma mesa de pedra quase junto ao chão.











As casa de banho existiam sim, mas não na forma como nós poderíamos imaginar.


Bem mas temos de continuar a subir a Serra.
Passamos o Castelo dos Mouros mas não paramos, já são 16 horas e vamos directos a outro lugar.
Paramos o carro onde nos deixam, e toca a subir a ladeira íngreme (muito).
As miúdas não se calam: Onde vamos agora??, onde, onde não se vê nada!!!!
Tenham calma, dizemos nós já sem fôlego. Elas á frente como se nada fosse.
De repente, na curva do caminho, digo-lhes para olharem para cima...
Surge um Palácio encantado... cheio de cor, ameias e arcos.
Não se pode dizer que é grande mas para as minhas princesas, é de conto de fadas.
Agora é que tinham asas nos pés; vamos, vamos, anda mãe, que estás a fazer?
A tirar fotografias, claro. Incrivelmente das outras vezes não tinha máquina e agora não deixo passar a oportunidade.


Palácio nacional da Pena.
Foi partir á descoberta de todos os cantos e recantos.
Subir ao ponto mais alto e olhar as copas das árvores de cima. Com todo o vento a levantar o nosso ego, e perceber como os pássaros vêm o mundo.
Senti-me voar, quase livre, quase criança novamente.




Sim criança, ao rever todos aqueles monstros de pedra retirados da imaginação de uma outra criança grande que um dia teve um escopro e um martelo nas mãos e deu forma aos seus pensamentos.
Encontramos de tudo, leões, crocodilos, grifos, e até o rei dos mares sentado na sua concha no cimo de um banco de corais, vigiando os visitantes.
Voltei no tempo, subi e desci todos os degraus, fui a todas as ameias possíveis, disputei a máquina fotográfica com as filhas, com se tivesse a idade delas.



Estava feliz sim, sim ,sim!!! Estava naquele Palácio encantado que durante 25 anos vi da minha janela, lá muito ao longe recortando o horizonte.
No mesmo, que tantas vezes descrevi ás minhas princesas, e lhes mostrei postais, na net, na TV... mas estar lá é muito diferente.
É Mágico.








Perguntas e mais perguntas, e nem estes corais esculpidos na porta de entrada, escaparam.
O maridão ria-se (mais pacato do que nós), deixou-nos voar o tempo todo.
Mas era hora de voltar, de descer a Serra direitos á Vila Velha...











...subir a Rua das Padarias e ir comer uns travesseiros á Piriquita, hummm, só de pensar... (são doces regionais de
Sintra, especialidade desta pastelaria)
Não , não os fotografei, achei que parecia mal (vocês ficarem a olhar e eu não oferecer).




Por ultimo tínhamos de ver os coches.
Quase um símbolo desta vila, andam sempre por ali passeando os turistas.
Mas como eu nunca fui turista na minha terra, nunca andei.
Fica para outro dia, como ficam também o Castelo dos Mouros, Monserrate, a Quinta da Regaleira, Seteais...e tantos outros recantos
Daqui, do Paço Real,
digo adeus,
Até outro dia.






10 comentários:

pedro macieira disse...

È engraçada a leitura que um(a) visitante, faz de um sítio, que faz parte de nós desde miúdo, e que agora bastante crescido escolheu para viver permanentemente. Sítio que motivou tornar-se blogger desde o ano passado.
Gostei de ler/ver o vosso regresso a Sintra.
Pedro Macieira

Maria Cristina Amorim disse...

Pedro, que bom ser um "visinho" o primeiro a comentar

Eva Lima disse...

Que belo passeio....

greentea disse...

linda visita de regresso a casa !...

Sintra é sempre uma maraviolha mesmo qd por aqui andamos todos os dias
Na semana passada , tive de ir a Magoito, fica um pouco depois da Praia das Maçãs ea seguir à Aguda.
Estava cansada e enerveda nesse dia - fui pela beira mar, pela Varzea de Sintra, por montes e vales ...

Passou-me a neura e qd cheguei ao meu destino , sentia-me outra!!

Beijos e volta depressa

Joaquim Nobre (JJ©N) disse...

Locais fantásticos de que gosto muito!!!

Magnifica reportagem!!!

Bjs.

sonhadora disse...

um passeio lindíssimo! Imagens de sonho.
Partilha sonhos comigo.
Beijinhos embrulhados em abraços .

S_____________________________


...onhadora

greentea disse...

deixei um apelo no meu canto de puderes lá passar,,,,

jocasipe disse...

que giro fiz este "circuito" no verão passado. Adorei, claro!

Unknown disse...

Que saudades de ir aos fins de semana a sintra e principalmente dos docinhos da piriquita.
Beijocas
Cristina

Carracinha Linda! disse...

Olá,

Chequei aqui através do Van Dog.

Estes sítios por inde passaste são-me familiares e muito queridos. Adoro Sintra. A Quinta da Regaleira então é maravilhosa. E também já tive oportunidade de fazer a visita guiada ao Convento dos Capuchos.

Beijocas